FORA DA ZONA DE CONFORTO
O desconforto não deve ser evitado a todo custo, pois ajuda nossos filhos a crescer e os preparam para lidar com os grandes desafios da vida.
Nós, como pais, desejamos o melhor para nossos filhos, certo? Tentamos ajudá-los em seus processos de desenvolvimento, sabendo que crescer é trilhar um caminho cheio de aprendizados e desafios. Acontece que, muitas vezes, o nosso instinto de proteção nos leva a poupar nossos filhos de sofrimentos, dores e frustrações. Isso faz parte da natureza humana e do nosso papel como pais. Mas é fundamental entender que precisamos ensinar nossos filhos a enfrentar e a lidar com o desconforto.
Isso mesmo! Eles precisam aprender, na prática, a lidar com situações que nem sempre serão confortáveis e fáceis. Isso vai impactar diretamente no desenvolvimento de importantes habilidades como resiliência, perseverança e autocontrole.
Vivemos em uma sociedade que valoriza o prazer imediato, o conforto das soluções rápidas e o desejo quase automático de evitar qualquer tipo de dor. Nós, adultos, não estamos imunes a esse padrão. Quando nos deparamos com situações desconfortáveis, frequentemente, fazemos o quê? Buscamos escapes, seja em distrações, consumo, entretenimento ou outros paliativos. Há algo de errado com isso? Não necessariamente, mas precisamos perceber as consequências disso.
Ao evitar o desconforto de forma contínua, acabamos enfraquecendo nossa própria habilidade de enfrentar dificuldades maiores. Então, quando for preciso encarar grandes desafios da vida, quando sair da nossa zona de conforto for absolutamente necessário, vamos perceber o quanto é difícil lidar com esses momentos, especialmente, se não temos o hábito de experimentar situações de desconforto.
Para nossos filhos, o impacto disso pode ser ainda maior. Se ensinarmos, com palavras e atitudes, que é melhor evitar o que é difícil ou desconfortável, eles podem crescer inseguros, com medo de errar ou de enfrentar novidades. Mas quando incentivamos a vivência de experiências novas, ainda que pequenas e cotidianas, ou ainda quando nós, pais, demonstramos estar determinados a passar por situações difíceis sem reclamar, por exemplo, naturalmente ajudamos nossos filhos a perceber que o desconforto faz parte da vida.
Dar esse exemplo é mais eficiente do que qualquer discurso. Quando nós também admitimos nossas inseguranças e mostramos como lidamos com nossos próprios desafios, e mais do que isso, quando deixamos claro que “tudo bem” passar por situações adversas, ensinamos que as dificuldades fazem parte do nosso crescimento e que devemos encará-las como oportunidades. Contar aos nossos filhos sobre algo que não saiu como planejado, dividir sentimentos de dúvida e mostrar as tentativas para resolver problemas são formas poderosas de inspirar novos comportamentos neles.
Quando fazemos isso, tornamos claro também que, mesmo quando as coisas não saem como planejado, podemos aprender, recomeçar e amadurecer com cada experiência.
Isso não significa lançar nossos filhos em situações para as quais eles ainda não estão preparados, mas sim respeitar seu tempo e estimular enfrentamentos proporcionais à sua idade e maturidade. Uma nova comida, uma brincadeira diferente ou a participação em uma atividade que cause algum frio na barriga, por exemplo, podem ser boas oportunidades nesse processo. O mesmo vale para as situações em que nossos filhos tem de lidar com pequenas frustrações do dia a dia, como perder um jogo, não conseguir algo de imediato ou receber um "não". Essas experiências desconfortáveis ensinam perseverança, paciência e capacidade de adaptação.
Quando eles entendem, com nosso apoio e diálogo, que a frustração faz parte do caminho, eles desenvolvem mais resiliência e força emocional para enfrentar os grandes desafios que virão.
Por isso, é tão importante não tentar resolver tudo para nossos filhos ou evitar que eles sintam o peso das próprias emoções, mas sim estar presentes para acolher, orientar e mostrar que, apesar das decepções, sempre há novas oportunidades para tentar outra vez e seguir em frente de forma mais forte e madura.
Eu acho sempre importante lembrar que essa caminhada não é apenas dos nossos filhos. Nós, pais, estamos constantemente aprendendo e nos deparando com nossos próprios limites. Reconhecer nossas vulnerabilidades e mostrar que seguimos tentando, mesmo quando sentimos desconforto ou até medo, é um enorme exemplo de coragem e humanidade para nossos filhos. Por isso, eu te convido a se permitir sair da sua própria zona de conforto também!
É enfrentando o desconforto, superando dores e lidando com as dificuldades que nos fortalecemos e nos tornamos mais preparados para apoiar nossos filhos em suas próprias conquistas.
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